Está a decorrer uma implementação discreta nas estradas do Reino Unido: a polícia está a testar câmaras com inteligência artificial capazes de detetar um telemóvel na mão ou a falta do cinto de segurança em plena autoestrada. O equipamento parece-se com qualquer câmara de estrada ou carrinha branca com um mastro, mas observa pequenos gestos a que os condutores mal dão atenção. O objetivo é reduzir colisões, sim — e também ver as coimas a chegar à sua caixa do correio muito depois daquele olhar rápido parecer inofensivo.
O reflexo entra em ação, o polegar no ecrã, uma promessa de brevidade. Sobre a faixa de rodagem, uma caixa preta com uma lente estreita observa pacientemente, como um falcão.
Mais tarde, outro condutor conta-me a mesma história: dia cinzento, trânsito lento, um deslize casual para mudar a música, nada de especial. Semanas depois, uma carta com uma fotografia clara e um número de referência. Acontece num piscar de olhos.
Nem viu acontecer.
Porque é que a polícia aposta em câmaras com IA neste momento
A cultura do scroll não ficou na cozinha nem no sofá. Entrou no habitáculo, um “só vou espreitar” de cada vez. Os agentes descrevem quase-acidentes que mais parecem sonambulismo: cabeças baixas, carros a sair de faixa, luzes de travão a piscar tardiamente.
Estas câmaras surgem porque as patrulhas não podem estar em todo o lado. Tornam o uso distraído do telemóvel visível, mesmo quando o condutor acha que está a passar despercebido.
Nos testes em Inglaterra, os sistemas sinalizaram milhares de alegadas infrações em poucos dias e não em meses. Uma lente instalada em altura observa os para-brisas de ângulo, usando infravermelhos para ver através do lusco-fusco, chuva e encandeamento.
As imagens não se transformam imediatamente em coimas. Cada alerta é analisado por funcionários especializados, que confirmam se está um telemóvel na mão ou o cinto desapertado. A tecnologia assinala o momento; o humano confirma a história.
A lógica é simples: a distração mata. A fiscalização que só acontece quando uma patrulha o vê quase não muda comportamentos. As câmaras com IA funcionam como uma lupa, ampliando recursos limitados para que os agentes possam agir onde faz diferença.
Há ainda uma expectativa pública. Se o uso do telemóvel é proibido, as pessoas querem que a regra seja aplicada de forma igual, não apenas aos poucos azarados apanhados por uma mota policial no semáforo.
O que conta como “usar” o telemóvel — e o que pode custar-lhe
A lei do telemóvel é mais abrangente do que muitos pensam. Tocar num dispositivo portátil para qualquer fim — deslizar, desbloquear, tirar uma foto, ver o mapa — conta enquanto está ao volante, mesmo parado no trânsito.
Um suporte e o controlo por voz ajudam. Melhor ainda, guarde o telemóvel no porta-luvas e ative o Não Incomodar durante a condução.
Num dia agitado, acumulam-se as desculpas. Está atrasado, o GPS bloqueou, a playlist mudou sozinha. Todos já sentimos aquele momento em que o toque do telemóvel parece urgente e inofensivo.
Sejamos honestos: ninguém faz isto todos os dias. A lei não quer saber se só foram três segundos. Se tem o telemóvel na mão e o motor está ligado, é responsável. E se estiver a supervisionar um aprendiz de condução, as regras são as mesmas.
Aqui está quanto pode custar. Usar um dispositivo portátil ao volante implica uma coima de £200 e seis pontos na carta. Em tribunal, as multas podem chegar aos £1.000 num carro (ou £2.500 num camião ou autocarro), com possível inibição de conduzir para casos graves.
Não usar cinto de segurança implica normalmente uma multa fixa de £100, subindo para £500 em tribunal. Para condutores com menos de dois anos de carta, podem perder a carta se atingirem seis pontos. Só uma infração com o telemóvel chega para isso.
“Não queremos apanhar pessoas só para encher a folha de serviço”, disse-me um agente de segurança rodoviária numa demonstração. “O objetivo é evitar o acidente que destrói uma vida às três da tarde de uma terça-feira.”
- Telemóvel na mão: multa fixa de £200 + 6 pontos; o tribunal pode aumentar as coimas e impor proibições.
- Cinto de segurança: £100 de multa fixa; até £500 em tribunal; aplica-se a condutores e à maioria dos passageiros.
- Parar num semáforo ou engarrafamento continua a contar como conduzir se o motor estiver ligado.
- O uso de mãos-livres é permitido, mas pode ser multado se não estiver devidamente em controlo.
- Há exceções para chamadas de emergência (999/112) ou pagamentos contactless em drive-throughs quando parado.
Como funciona realmente a tecnologia — e o que significa para si
As câmaras são geralmente montadas em altura — em pórticos, pontes ou mastros telescópicos em carrinhas — para poderem “olhar para baixo” para o habitáculo. Um obturador rápido e luz infravermelha captam o momento em que a mão pega no telemóvel ou o cinto repousa largamente sobre o ombro. Modelos de machine learning assinalam possíveis infrações em tempo real, depois avaliadores humanos analisam as imagens. Se confirmarem a infração, o sistema identifica a matrícula e a localização, e uma notificação de intenção de procedimento pode ser enviada por correio, normalmente em 14 dias. Se não, as imagens são apagadas. A mensagem não é de “Big Brother”. É de clareza: aquele olhar rápido, que achou inofensivo, é exatamente o que a lente apanha. Algumas forças fazem fases educativas antes de emitir coimas, enviando cartas de aviso para mudar hábitos. Esse pequeno momento irrelevante ao volante ganha vida em papel — e muda comportamentos.
Ponto-chave: Câmaras com IA focam uso do telemóvel e cinto de segurança — Imagens de alto ângulo com infravermelhos sinalizam possíveis infrações; humanos confirmam — Saiba o que está a ser vigiado e porque as fotos são tão nítidas.
Ponto-chave: As penalizações são altas e rápidas — £200 + 6 pontos por uso do telemóvel; £100 por cinto; valores mais altos em tribunal — Compreenda o verdadeiro custo de um “olhar rápido”.
Ponto-chave: Maneiras práticas de estar seguro — e legal — Suporte + controlo por voz, Não Incomodar, hábito do porta-luvas — Rotinas simples que afastam a tentação e o risco.
Perguntas Frequentes:
- Estas multas são automatizadas por IA? Não. O sistema sinaliza imagens, depois funcionários treinados analisam antes de enviar qualquer notificação.
- O uso de mãos-livres é legal no Reino Unido? Sim, mas deve manter controlo total. Se estiver distraído, pode ser acusado de condução descuidada ou perigosa.
- E quanto à privacidade e dados? A polícia afirma que as imagens sem infração são descartadas. As imagens usadas para fiscalização são geridas de acordo com as leis de proteção de dados e guardadas apenas o tempo necessário.
- Posso usar o telemóvel como GPS? Sim, se estiver num suporte e não o segurar. Programe o percurso antes de arrancar e use comandos de voz para alterar.
- Parar em semáforos ou filas é permitido? Não. Continua a ser considerado condutor se o motor estiver ligado. Estacione com segurança e desligue se precisar de usar o telemóvel.
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