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Neurologista explica como o simples acto de zumbir diariamente ajuda a drenar os seios nasais e a reduzir enxaquecas.

Mulher sentada com diagrama iluminado da garganta sobreposto, num ambiente doméstico iluminado pela luz do dia.

Não é uma canção, nem um cântico, apenas aquele suave “mmm” que fazes quando algo sabe bem. Afinal, esta pequena vibração não é só fofa. Pode ser o truque mais simples e eficaz que nunca experimentaste para os seios nasais e enxaquecas.

A sala de espera cheirava vagamente a eucalipto e tinta de impressora. À minha frente, uma mulher esfregava a ponte do nariz como se tentasse desfazer um nó debaixo da pele, olhos semicerrados, a tentar não se mexer. Mais tarde, um neurologista com quem estava a estagiar inclinou-se e deu uma sugestão tão simples que parecia piada: entoa um “humm”. Explicou como aquela vibração suave pode alterar a pressão e o fluxo de ar dentro do rosto, e como essas mudanças afetam os circuitos de dor do cérebro. A sala ficou em silêncio. Depois, ele entoou um “mmm”, baixinho, e sorriu. Um som pequeno, um grande efeito. Estranho, não é?

A física silenciosa de um humm

O rosto é uma caixa de ressonância. Quando hummas com os lábios fechados, as passagens nasais tornam-se uma câmara que vibra, empurrando o ar pelas pequenas aberturas que drenam os seios nasais. Essa vibração faz mais do que provocar cócegas. Ajuda o muco a mover-se, como se abanar uma bola de neve para os flocos caírem. O “humming” leva óxido nítrico para as tuas passagens nasais, um gás que os seios naturalmente produzem e que ajuda a abrir vasos e a combater germes.

Todos já tivemos aquele momento em que uma dor de cabeça aparece atrás dos olhos às três da tarde. O café não ajuda, semicerrar os olhos piora tudo, e qualquer cheiro parece um grito. Numa consulta, vi um doente experimentar um minuto de “humming” logo nos primeiros sinais de uma enxaqueca. A expressão foi suavizando. Não virou uma nova pessoa de imediato, mas a dor amenizou. Mais tarde nesse mês, reportou menos dias de crise e menos congestão ao acordar. Um pequeno hábito, repetido, mudou o padrão.

Porquê que um som faria isto? Comecemos pelo fluxo de ar. O “humming” cria ondas de pressão que ajudam a abrir as pequenas aberturas dos seios nasais, deixando o ar velho sair e renovar-se. Isso aumenta os níveis de óxido nítrico na cavidade nasal, que em estudos laboratoriais sobe acentuadamente quando hummamos. O NO relaxa a musculatura lisa, apoia o movimento ciliar e melhora a circulação local, facilitando a drenagem. E depois há a questão nervosa: a vibração e a expiração lenta acalmam o sistema nervoso autónomo, conduzindo-o para o modo de repouso e digestão. Para cérebros de enxaquecosos saturados de stress e estímulos, esse reset suave pode reduzir a probabilidade de uma crise completa.

Como humar para seios nasais mais desobstruídos e dores de cabeça mais calmas

Senta-te direito e relaxa a mandíbula. Fecha os lábios, mantêm os dentes ligeiramente afastados, e inspira pelo nariz. Ao expirar, faz um “mmm” numa altura confortável durante 4–6 segundos. Sente a vibração entre o nariz e as maçãs do rosto. Faz 8–10 repetições, descansando uma respiração entre cada. Duas rondas por dia é o ideal. Cinco minutos por dia chegam para perceber se ao fim de duas semanas o padrão de congestão e dor de cabeça muda.

Vai com calma. Mais alto não é melhor; o objetivo é a ressonância, não um concerto. Se sentires pressão nos ouvidos, baixa o tom ou encurta a expiração. Mantêm a boca fechada para o ar circular pelo nariz. Costuma-se apressar a inspiração — abrandar essa fase. E se a enxaqueca estiver forte, podes tentar na mesma, mas reduz para três “hummings” suaves e sente como o corpo reage. Sejamos honestos: ninguém faz isto todos os dias. Inclui este hábito em momentos que já tens — depois de escovar os dentes, enquanto a chaleira ferve, parado no trânsito.

O neurologista com quem falei resumiu assim:

“Pensa no ‘humming’ como fisioterapia local para os seios nasais, que aciona também o travão calmante do cérebro. É pequeno, mas coisas pequenas feitas com consistência mudam padrões.”
  • Manter sessões curtas: 1–2 minutos de manhã e à noite.
  • Acompanha com um copo de água para fluidificar naturalmente o muco.
  • Experimenta um tom médio que sintas nas maçãs do rosto, não na garganta.
  • Se estiveres doente com sinusite aguda ou dor de ouvidos, pausa e fala com um profissional de saúde.
  • Regista as mudanças: menos dias de pressão, respiração nasal mais fácil, enxaquecas mais curtas.

O que a ciência — e o teu corpo — provavelmente fazem

Os seios paranasais produzem óxido nítrico, e o “humming” amplifica a sua entrega à cavidade nasal. Esse pico — medido em pequenos estudos — parece melhorar a ventilação e pode apoiar os cílios delicados que empurram o muco. Melhor movimento significa menos bolsões estagnados, menos pressão, manhãs mais fáceis. A forma mais simples de sentir: nota aquela leve sensação de limpeza logo depois de uma ronda de “humming”. É subtil, depois torna-se óbvio.

A enxaqueca não é causada pelos seios nasais, mas a congestão pode estimular os ramos do nervo trigémeo que alimentam as vias da enxaqueca. A vibração do “humming” parece acalmar essa zona enquanto a expiração lenta regula o sistema nervoso. Pensa nisso como baixar o ruído de fundo para que o cérebro pare de reagir em excesso a pequenos estímulos. Pesquisas iniciais sobre respiração tipo “humming”, como a respiração da abelha do yoga, sugerem benefícios nos marcadores de stress e intensidade percecionada da dor. Não é uma cura. É um empurrão.

Existem algumas precauções. Se tens problemas crónicos nos ouvidos, cirurgia recente, ou infeção grave nos seios nasais com febre, não faças até teres autorização médica. O “humming” não substitui medicamentos ou um plano de tratamento personalizado. Entra como complemento, uma ferramenta de custo praticamente nulo que podes usar em qualquer lado. O objetivo não é a perfeição. É mudar padrões de forma consistente porque sabe bem e leva quase zero tempo.

Quando perguntei ao neurologista o que convence os doentes a experimentar, ele riu e entoou aquele “mmm” suave. “É imediato”, disse. O rosto vibra, a respiração abranda, a mente acompanha. E o curioso dos pequenos hábitos é serem pegajosos. Podes humar na secretária, no duche, a caminhar, à espera do Zoom. Faz isto uma semana seguida e vê se de manhã estás mais desentupido e a dor de fim de tarde alivia. Se tens enxaquecas frequentes ou incapacitantes, inclui esta prática num plano de cuidados com o teu médico. O teu cérebro gosta de ritmo, os teus seios nasais gostam de movimento. Isto dá ambos.

Ponto-chaveDetalheInteresse para o leitor
O “humming” aumenta o óxido nítricoO “mmm” de boca fechada aumenta o NO nasal e oscilações do fluxo de arFavorece a drenagem e o fluxo nasal mais fresco
Ressonância acalma os nervosVibração suave e expiração lenta alteram o tónus autonómicoPode reduzir os gatilhos e intensidade da enxaqueca
Rotina curta e repetível8–10 “hummings”, duas vezes ao dia, 1–2 minutosHábito fácil com efeitos notórios dia a dia

Perguntas Frequentes :

  • Como é que o “humming” ajuda mesmo os meus seios nasais? Cria ondas de pressão na cavidade nasal, melhorando a ventilação pelas pequenas aberturas e aumentando o fluxo de óxido nítrico. Essa combinação ajuda o muco a mover-se e pode aliviar a sensação de peso e congestão.
  • O “humming” pode mesmo reduzir as enxaquecas? Para algumas pessoas, sim — reduzindo a pressão dos seios nasais sobre as vias trigeminais e acalmando o sistema nervoso. Pensa nisto como um apoio, não um tratamento único.
  • Com que frequência devo fazer? Experimenta 1–2 minutos de manhã e à noite durante duas semanas. Regista as dores de cabeça e a congestão. Se ajudar, mantém. Se não, só perdeste alguns minutos de silêncio.
  • O tom tem importância? Escolhe um tom médio confortável que sintas nas maçãs do rosto e na ponte do nariz. Muito alto ou muito forte pode irritar a garganta ou os ouvidos.
  • Há razões para evitar o “humming”? Se tens dor ou infeção de ouvidos, cirurgia recente aos ouvidos ou seios nasais, ou infeção grave destes com febre, não o faças sem falar com um profissional de saúde primeiro.

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