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Cada vez mais britânicos nos seus 50 anos aderem à cerâmica, pois atividades criativas ajudam a baixar a pressão arterial.

Duas pessoas moldam cerâmica numa oficina iluminada, com prateleiras de peças acabadas ao fundo e chá na mesa.

Mais homens britânicos na casa dos cinquenta estão discretamente a entrar em estúdios de cerâmica após o trabalho, mangas arregaçadas, telemóveis desligados, stress elevado. Dizem que estão lá para fazer uma caneca. A verdade é mais profunda: o barro está a devolver-lhes um pulso mais calmo, uma rotação de cada vez.

Homens de polar e camisas salpicadas de tinta entram em silêncio, partilhando um aceno que quer dizer “dia longo”. A roda começa a zunir. O barro escurece sob as mãos molhadas, os cotovelos curvam, e um instrutor gesticula: respira durante o desequilíbrio. Ninguém está a tentar impressionar. Ninguém precisa.

Mark, 57 anos, modela um cilindro a partir de um pedaço que queria ser tudo menos isso. O relógio apita uma vez e desaparece para dentro do saco. “Deixa a roda levar a respiração”, murmura o professor, e a sala transforma-se. Telemóveis em silêncio. Ombros relaxados. Há uma quietude que parece conquistada. Algo muda, quase impercetível.

Um homem ri quando o vaso colapsa. Outro acena como se fosse para isto que ali veio desde o início. O lava-loiça ruge com água lamacenta. O chão guarda uma constelação de salpicos de barro líquido. Não é glamoroso, mas tem um estranho fascínio. O batimento cardíaco encontra um novo ritmo. O fim chega antes de alguém o desejar.

Depois, forma-se uma fila simples: canecas a nascer, mentes para estabilizar. Um pequeno ritual recomeça.

O boom inesperado: homens, meia-idade e barro

Aulas de cerâmica não são novidade. O que é novo é quem aparece depois das 18h. Hoje em dia, estúdios de Bristol a Newcastle dizem que as listas de espera são maioritariamente de homens de meia-idade. Faz sentido. Homens na casa dos cinquenta já viveram décadas de prazos e longas deslocações, a carregar o stress no maxilar e nos ombros. O barro oferece o oposto de uma reunião: é sujo, lento, tolerante. Não se molda um pedaço de barro a deslizar no telemóvel. Luta-se, respira-se, encontra-se um ritmo e — por vezes — o desequilíbrio acalma.

Os sinais culturais ajudaram. O programa “The Great Pottery Throw Down” tornou aceitável chorar à roda. Amigos começaram a oferecer sessões de experiência em vez de copos. Alguns estúdios de rua facilitaram a entrada, a cozedura e a possibilidade de levar para casa algo que traz chá e orgulho. Uma dona de estúdio em Leeds contou-me que metade do grupo de terça-feira à noite são homens com mais de 50 anos, vindos diretamente do escritório. “Não falam muito ao início”, disse ela, “mas os ombros falam.” É uma história que se sente à distância.

Também há uma fome prática. A meia-idade quer prova de tempo bem gasto. Uma caneca é prova. Uma taça é prova. Uma prateleira de pratos um pouco tortos é prova. E, ao contrário do ginásio, o barro não tem um quadro de resultados. É só tu e a roda, um pouco de água e um corpo a reaprender quando pressionar e quando aliviar. Esse ciclo é um espelho do próprio stress. Pressiona-se demasiado e as paredes caem. Alivia-se e ajusta-se, e a forma volta. É uma lição simples, ensinada pela rotação e pelo barro líquido.

Da roda ao bem-estar: formas práticas de reduzir a pressão

A pressão arterial responde ao ritmo. A roda define um compasso que podes imitar. Um método simples funciona em quase todas as aulas: iguala a respiração ao movimento da roda. Centra o barro enquanto inspiras lentamente pelo nariz, contando até quatro. Mantém o barro estável enquanto susténs por dois tempos. Expira por seis enquanto alivias a pressão com as palmas. Repete na parte difícil — a elevação. Uma expiração longa aciona o nervo vago, fazendo baixar o ritmo cardíaco. Notas a mandíbula a relaxar. A parede do vaso vai dizer-te que está certo.

Outra pequena prática: encara o amassar como um reinício. Dez pressões atentas, em vez de cem pancadas frenéticas. Pés à largura das ancas, joelhos flexíveis, coluna direita. Inspira enquanto dobras o barro. Expira empurrando com o calcanhar da mão. Não é exercício de ginásio. É um ponto de apoio. O barro aquece, tu aqueces, e a energia nervosa encontra saída honesta. Deixa a confusão acontecer. Sujar é prova de contacto. Vamos ser sinceros: ninguém faz isso todos os dias.

Todos já tivemos aquele momento em que a braçadeira da tensão arterial aperta e prometemos meditar mais. Começa menor. Começa pelo toque. Os estúdios são sociais sem obrigar conversa, o que importa se falar de stress não é o teu forte. Os homens não têm de falar para se sentirem melhor. A respiração faz parte do trabalho. As mãos tratam do resto.

“Quando estou à roda, a minha respiração muda sem eu pensar nisso”, disse Alan, 55 anos. “Entro cheio de ansiedade. Saio... não.”
  • Experimenta uma sessão única antes de te inscreveres para seis semanas.
  • Acompanha a sessão com uma caminhada de 10 minutos para casa para prolongar a calma.
  • Guarda um pequeno kit de barro em casa para uma hora tranquila ao domingo.
  • Usa música calma ou silêncio. Telemóveis virados para baixo, longe.
  • Termina com uma bebida quente, não emails.

O que isto nos diz sobre a meia-idade na Grã-Bretanha

O aumento da olaria entre homens na casa dos cinquenta não é moda. É sinal de que muitos procuram formas estáveis de desligar de uma cultura sempre acelerada. A hipertensão chama-se problema silencioso por um motivo, e a meia-idade masculina está na linha de tiro. O barro oferece o que panfletos de saúde nem sempre conseguem: um hábito que não soa a remédio. Pequenos estudos sugerem que trabalho manual concentrado baixa o cortisol, regula a respiração e leva o corpo ao estado de “descansar e digerir”. O NHS já aconselha gestão de stress, movimento suave e rotinas prazerosas — o barro junta tudo numa hora semanal.

Também dá sentido. Não um grande sentido. Um sentido de prato de jantar. Do tipo que se pode segurar. Mãos tranquilas, coração mais tranquilo. Não é preciso comprar uma roda para ter o benefício. Barro de secagem ao ar numa mesa de cozinha, desenhar, talhar ou até consertar uma cadeira podem provocar um efeito semelhante. O fio comum é a presença. O corpo lembra, a pressão baixa um pouco e o dia solta-se. O que acontece a seguir depende de ti.

Há uma frase que ninguém diz em voz alta: quero voltar a sentir-me útil. Hobbies criativos respondem a essa necessidade com uma graça inesperada. Quando uma caneca feita por ti mantém quente o teu café, participas do teu próprio cuidado. Isso é uma forma discreta de poder. Os estúdios notam isso. Os médicos também, ao sugerirem rotinas para reduzir o stress além dos medicamentos. Não resolve tudo — mas ajuda. A olaria calha bem a muitas mãos masculinas. O vidrado não interessa. O pulso tranquilo, sim.

Ponto chaveDetalheInteresse para o leitor
A olaria atrai homens de meia-idadeEstúdios em todo o Reino Unido registam crescente participação masculina (50+ anos) em aulas noturnasSinal de espaço acolhedor para experimentar sem sentir-se deslocado
O foco manual reduz o stressMovimentos repetitivos coordenados com a respiração ajudam a acalmar o sistema nervoso e desaceleram o ritmo cardíacoManeiras práticas de baixar a pressão arterial durante e depois das aulas
Pequenas rotinas somam-seSessões criativas curtas e regulares funcionam melhor do que poucas e longasHábitos fáceis e sustentáveis para a vida real

Perguntas frequentes:

  • Hobbies criativos realmente baixam a tensão arterial?Podem ajudar. Práticas de relaxamento, respiração controlada e atenção focada ativam o sistema parassimpático, que tende a diminuir o ritmo cardíaco e reduzir hormonas de stress. Essa combinação promove uma tensão arterial mais saudável ao longo do tempo, junto com cuidados médicos e alterações de estilo de vida.
  • Quantos minutos de olaria fazem diferença?Começa com 20–30 minutos de trabalho atento e contínuo. Muitas pessoas notam uma respiração mais calma nesse intervalo. Aulas semanais regulares mais pequenas sessões em casa potenciam o efeito, mais do que uma longa de vez em quando.
  • Tomo medicação para a tensão — a olaria continua a ser útil?Sim. Encare como complemento, não substituto. Os medicamentos controlam os números; o barro ajuda a lidar com o stress diário que os faz variar. Consulta o médico se tens preocupações específicas de mobilidade ou dor.
  • E se tiver artrite ou dor nos ombros?A roda pode ser adaptada. Usa um banco mais alto, mantém os cotovelos juntos e faz pausas. Modelar à mão (técnicas de beliscar, placas ou rolos) é mais suave e igualmente calmante. Se algo dói, troca de técnica em vez de forçar.
  • Há opção sem sujidade se não quiser ir ao estúdio?Experimenta barro de secagem ao ar numa mesa de cozinha, com proteção plástica, ou começa por esculpir sabão ou madeira macia. A chave é a mesma: mãos lentas, respiração calma, sem ecrãs. O pulso sereno segue-se.

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