Um silêncio antes da maré mudar. Sente-se nas despedidas mais longas, na forma como músicas antigas de repente fazem sentido, na maneira como uma sala que adoras começa a parecer demasiado pequena. A astrologia chama-lhe o fim de um ciclo. Um signo viverá esta mudança nos ossos: Peixes, o tecelão de sonhos que permanece à beira-mar onde uma história desaparece e uma nova surge.
Um Peixes no balcão olhava para uma caneca rachada como se fosse uma bússola, o polegar a percorrer a linha onde o vidrado desistira. Lá fora, os autocarros suspiravam; cá dentro, dois amigos riam com aquela gargalhada de quem sabe que já não se vão encontrar ali todas as semanas. O barista pousou um croissant e disse: “Último lote da temporada.” No ar, ficou aquela palavra. Último.
Peixes e o peso do último capítulo
Peixes vive no fim da roda do zodíaco, e o arquétipo percebe-se. É o signo que sente os finais como frentes meteorológicas: quedas de pressão, aberturas luminosas, chuva súbita. À medida que os planetas transitam para novo território nos próximos meses, Peixes torna-se a linha da costa onde marés iniciadas há anos finalmente atingem o seu destino. Isto não é drama. É tempo. Quando um ciclo se encerra, os signos de água tendem a senti-lo cedo, e Peixes sente-o com mais intensidade.
Imagina a Ela, uma designer gráfica Peixes que guarda um caderno de “quases” há anos. Uma amiga vai para o estrangeiro, o contrato de arrendamento termina, um cliente antigo regressa com um briefing de última hora; cada adeus é pequeno no papel, mas a pilha faz-se notar. Ela dá por si a arquivar projetos e a organizar fotos, não para organizar, mas para se despedir de uma era. Todos já tivemos aquele momento em que percebemos que uma playlist pertence a um “eu” mais jovem. É esta agora a experiência de Peixes: ternura que também dói.
Existe lógica por trás do sentir. Peixes é o décimo segundo signo — a sua função é digerir um ciclo antes que o seguinte comece. Em astrologia, trânsitos pelos graus finais de Peixes funcionam como um interruptor de intensidade. A energia suaviza-se para que a verdade possa falar. Relações, empregos, identidades que já atingiram o auge começam a libertar-se. Podes notar sonhos mais intensos, ou coincidências a empurrar-te a ligar a alguém que precisas de agradecer. Estes sinais não são aleatórios; são o sistema nervoso de um ciclo prestes a expirar.
O que fazer quando a maré recua
Experimenta o ritual das três páginas. Esta noite, escreve uma página intitulada “O que está a acabar”, uma intitulada “O que quero guardar”, uma intitulada “Preparado/a para...” Mantém simples: cinco tópicos em cada, sem poesia, sem emendas. Depois, lê em voz alta para uma sala vazia. A voz torna-o real, e a realidade torna tudo mais leve. Se for demais, acende uma vela, diz as palavras e apaga-a. Pequena cerimónia, grande alívio.
Põe no calendário uma data chamada “pequeno final”. Nessa data, deixa para trás um hábito que já pertence ao ciclo antigo. Pode ser o scroll doom de sexta-feira, o copo que guardas desde a faculdade ou o grupo de conversa que te esgota. Deixa-o ir com dignidade. A mente vai negociar, o timing vai oscilar. Permite-o. Sejamos honestos: ninguém escreve no diário vinte minutos todas as manhãs. A consistência não é o objetivo agora. O objetivo é a delicadeza.
Há algo que Peixes esquece quando as emoções aumentam: não tens de consertar finais. Deixa que sejam finais.
“Fechar um ciclo não é uma ação, é uma temperatura”, disse-me uma astróloga experiente numa terça-feira chuvosa. “Reconheces quando o teu corpo deixa de discutir.”
- Sinais de que um ciclo está a fechar: sentes nostalgia sem razão explícita.
- Padrões antigos aparecem para uma última aparição.
- Anseias por rotinas mais simples e espaços mais calmos.
- Pessoas que não vês há anos surgem no momento perfeito.
- Dormir torna-se um portal, não uma obrigação.
Por que Peixes sente mais do que ninguém
Sendo o último signo, Peixes funciona como o paredão — tudo acaba por chegar ali. Os finais chegam através da intuição, não dos números, o que pode deixar os Peixes práticos instáveis. Se tens o Sol, Lua ou Ascendente em Peixes, podes dar por ti a limpar discos rígidos, a enviar agradecimentos atrasados ou a rever a “história de origem” de uma relação. Não é regressão. É reverência. A memória faz parte do ritual, como sacudir areia dos sapatos depois da praia. Não estás a voltar atrás. Estás a abrir espaço.
Pensa no Marco, um ascendente Peixes que gere um café de família há dez anos. O negócio corre bem, nada dramático. De repente, as entregas começam a chegar atrasadas. A máquina do café falha sem razão. Um cliente habitual entrega-lhe um porta-chaves vindo de uma cidade distante e diz: “Tens de ir lá.” Marco repara nos cartazes de eventos num espaço de coworking a duas ruas dali. Ele não está aborrecido. Está a ouvir. Os finais nem sempre aparecem como portas que se fecham. Às vezes chegam como fios finos a pedir para serem seguidos.
Se precisares de uma imagem, imagina isto como uma casa com doze divisões. Carneiro inicia a obra; Peixes fecha gentilmente os estores, percorre cada divisão, agradece e deixa as chaves no parapeito. Isso significa que as tuas escolhas agora têm peso extra. Uma conversa honesta pode limpar dois anos de ruído. Um passeio silencioso pode trazer exatamente a frase de que precisavas. É uma era para confiar na ação suave. Não precisas de um grande gesto para fechar um capítulo.
O que fica contigo quando a página vira
Os finais não são vazios; são curadores. As partes que te acompanham ficam porque ainda vibram. Se fores Peixes, observa o que continua brilhante quando deixas de insistir. Que amizade quer domingos lentos? Que ideia ainda bate à porta às 23h? Guarda essas. O resto pode ser arquivado sem culpa. O luto pode aparecer, e não é fracasso. O luto é informação.
Há uma forma humana de viver o fim: fazer despedidas verdadeiras. Envia uma mensagem de voz em vez de um texto. Leva queques para a última reunião da equipa. Tira uma foto no teu velho corredor, fica ao sítio onde costumavas ficar, respira. Os rituais importam quando já não há palavras. E atenção ao excesso de entrega. Peixes pode dar até o copo desapareça. Não tens de explicar a ninguém porque simplificas. Os limites não são uma tempestade; são um porto seguro.
Quanto ao tempo, não corras atrás da data perfeita. O fim de um ciclo parece mais o anoitecer do que um interruptor. Se tens dúvidas se vais perder a oportunidade, descansa: não vais. A vida adora um segundo convite. E se lês isto e não és Peixes, pode ser que sintas a maré na tua casa de Peixes ou por alguém próximo de Peixes. A compaixão expande-se. Deixa a pessoa sensível do grupo definir o ritmo; o resto pode acompanhar a respiração dela. Isto também é liderança.
Os ciclos fecham-se para que algo mais corajoso possa pegar-te na mão. Talvez encontres um novo mestre. Talvez durmas como não dormias desde a escola. Talvez, finalmente, escrevas o e-mail que vai libertar um futuro “tu” que ainda não conheces. Se a energia de Peixes atravessa os teus dias, não lutes contra a suavidade. Deixa que te mostre o que não pode ir contigo e o que tem mesmo de ir. Um final bem vivido é uma promessa cumprida.
| Ponto-chave | Detalhe | Interesse para o leitor |
| Peixes sente o desfecho | Sendo o décimo segundo signo, absorve o eco emocional dos encerramentos | Dá nome à sensação para que deixe de parecer aleatória |
| Ritual das três páginas | Escrever “O que está a acabar”, “O que quero guardar”, “Preparado/a para...” | Transfere sensações vagas para passos concretos |
| Despedidas pequenas e sinceras | Mensagens de voz, pequenos finais, limites gentis | Humaniza e torna possível o encerramento |
Perguntas frequentes:
- Que signo vai sentir mais o fim do ciclo? Peixes — especialmente se fores Sol, Lua ou Ascendente em Peixes. O arquétipo nasceu para concluir capítulos.
- Quanto tempo dura esta fase de “fim”? Pensa em temporadas, não dias. Irás notar alguns meses de dissolução e reorientação, com momentos-chave a surgir em conversas, sonhos e pequenas sincronicidades.
- E se não for Peixes — isto afeta-me? Sim, pela área de Peixes no teu mapa e pelas pessoas Peixes à tua volta. Podes senti-lo como um empurrão suave para simplificar ou perdoar.
- O que devo mesmo fazer esta semana? Experimenta o ritual das três páginas, deixa um pequeno hábito da era antiga e faz uma despedida verdadeira. Basta para mudar o tom.
- E se for cético em relação à astrologia? Usa isto como um diário espelhado. Se a linguagem te ajuda a notar o que está pronto a acabar, aproveita. Se não, fica com o que funcionar — reflexão, ritual e coragem — e esquece o resto.
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