As 10 tendências que vão transformar o mundo do trabalho em 2025, segundo a IWG.

As deslocações encurtam, o espaço de escritório é repensado e as expectativas dos colaboradores pressionam fortemente as regras antigas.

À medida que 2025 começa, o trabalho híbrido parece menos uma experiência e mais a configuração padrão. O International Workplace Group (IWG) identificou dez tendências que vão marcar o ritmo este ano, desde novas normas de agendamento até centros urbanos redesenhados.

Por que cresce a reação ao regresso ao escritório

Mandatos rígidos de presença no escritório geram uma reação clara. O IWG relata que 73% dos colaboradores em grandes empresas considerariam sair se lhes fosse negada a opção híbrida. Esse número revela mais do que cansaço. Mostra uma procura profunda de autonomia sobre o tempo e o local de trabalho.

73% dos colaboradores considerariam sair se o trabalho híbrido não estivesse disponível, segundo o IWG.

A razão é prática. As pessoas criaram rotinas em torno do cuidado a familiares, saúde e produtividade durante os períodos flexíveis. Forçar um regresso total reduz o moral e aumenta o risco de rotatividade. Os conselhos de administração agora ponderam as políticas não apenas pelo espaço ocupado, mas também pelo mercado de talento.

Horários flexíveis substituem o tempo fixo

Da presença aos resultados

Os líderes continuam a afastar-se dos indicadores de tempo à secretária. Mais de 80% dos líderes de RH, segundo o IWG, viram a produtividade aumentar com modelos híbridos. As equipas definem janelas centrais de colaboração e depois deixam que cada pessoa planeie o trabalho focado em redor dessas janelas.

Resultados superam horas. Equipas que publicam normas partilhadas e blocos de tempo silencioso atingem os objetivos mais depressa.

O tempo flexível também amplia o funil de recrutamento. Pais, cuidadores e estudantes juntam-se ou regressam ao mercado de trabalho com menos sacrifícios. Isso traz competências raras para os momentos certos.

Subúrbios e cidades pequenas ganham dinamismo

O trabalho híbrido redistribui a atividade económica. Quando as pessoas viajam menos dias para o trabalho, os gastos acompanham-nas aos cafés, ginásios e creches próximos de casa. Cidades secundárias e anéis suburbanos ganham residentes com elevada qualificação e rendimentos estáveis. Serviços locais, coworkings e comércio de proximidade são os primeiros a beneficiar. Os padrões de transporte mudam à medida que o pico de horas se dilui e as viagens a meio do dia aumentam.

Uma geração mais jovem redefine expetativas laborais

Em 2025, trabalhadores no início de carreira representam uma grande fatia das equipas. Valorizam a flexibilidade, rapidez de aprendizagem e gestores que orientam em vez de comandarem. Esperam também propósito claro e impacto mensurável. Organizações que mantêm hierarquias antigas perdem ligação. As que investem em ciclos de feedback, mentoria e mobilidade ganham lealdade.

O híbrido torna-se um benefício principal

O trabalho híbrido aparece ao lado do seguro de saúde e da reforma em muitas ofertas de emprego. Apoia a saúde mental, reduz o stress das deslocações e aumenta a motivação. O custo também conta. Menos dias em viagem e estacionamento pago alinham-se com o orçamento familiar. Para os empregadores, o híbrido reduz o absentismo e a rotatividade. Permite ainda alargar o raio de recrutamento sem grandes pacotes de mudança de residência.

O trabalho híbrido deixou de ser um extra. É uma estratégia para desempenho, retenção e resiliência imobiliária.

O direito a desligar propaga-se

A sobrecarga digital levou a fronteiras difusas. Os países agem. França foi uma referência inicial, com novas medidas em Grécia e Austrália, por exemplo. As empresas oficializam períodos sem comunicações, regras para fins-de-semana e configurações de alertas. Os líderes exemplificam ao agendar emails e preferir atualizações assíncronas a mensagens fora de horas. Equipas que estabelecem tempos de resposta realistas cometem menos erros e sofrem menos burnout.

Mais mulheres chegam à administração

A flexibilidade alarga o acesso a cargos de liderança. O IWG nota que dois terços das mulheres dizem que o trabalho híbrido torna mais compatível a progressão de carreira e responsabilidades familiares. Isso retém o talento no meio da carreira, altura em que antes havia mais desistências. Os conselhos de administração ganham assim diversidade de experiências e perspetivas de risco. Os investidores notam. Os clientes também.

Centros urbanos de uso misto reformulam corredores empresariais

Os distritos empresariais centrais passam de torres monofuncionais para bairros mistos. Imagine pisos de trabalho, habitação, ginásios, creches, clínicas e restauração no mesmo quarteirão. Centros de trabalho flexíveis ajudam nos dias principais de colaboração. O resto da semana, as pessoas usam serviços locais. Os municípios apoiam conversões, incentivos fiscais e dinamização de rés-do-chão para manter as ruas vivas depois das 17h.

Espaços de trabalho satélite junto a casa tornam-se padrão

A ascensão do terceiro lugar

Os colaboradores querem um ambiente profissional sem longas deslocações. O coworking satélite—perto dos transportes ou de zonas residenciais—responde a essa necessidade. As empresas compram passes ou créditos diários, em vez de secretárias fixas. As equipas imobiliárias baixam o risco ao trocar contratos longos por espaços flexíveis. A informática garante logins seguros e equipamento padronizado em todos os locais.

Contratação baseada em competências e requalificação em IA aceleram

A contratação passa a dar prioridade às competências demonstradas. Portfólios, micro-certificados e testes práticos ganham peso face aos diplomas. As equipas adotam ferramentas de IA para pesquisa, resumos e revisão de código. A formação segue o mesmo caminho. Gestores definem regras claras para privacidade de dados, controlo de viés e aprovações. Trabalhadores que aprendem a colaborar com IA retiram tarefas repetitivas e reforçam o foco em decisões.

Como atuar já neste trimestre

• Lance um piloto: três dias de colaboração mensais, avaliados pela velocidade e qualidade dos projetos.
• Publique cartas de equipa: horas centrais, escolha de ferramentas e blocos sem reuniões.
• Acrescente política de desligar: agendamento automático de emails e escalonamento claro para urgências.
• Amplie o raio de talento: abra funções em dois fusos horários e use hubs satélite.
• Invista em formação: literacia em IA para todos, mais formação em gestão híbrida para líderes.

Principais riscos a vigiar

O viés de proximidade pode distorcer avaliações. Use quadros partilhados e revisões entre pares para o compensar. A dispersão de dados cresce com mais ferramentas e locais. Centralize o armazenamento e aplique controlos de acesso. A cultura pode enfraquecer quando as equipas se veem raramente. Reserve orçamento para dias presenciais trimestrais, com colaboração planeada e momentos sociais, não apenas atualizações.

Definições úteis e exemplos

Direito a desligar: política que define horários em que os colaboradores não devem responder a mensagens. Exemplo: dias úteis das 19h às 8h, fins-de-semana livres, com rotatividade de urgências para casos críticos. Níveis híbridos: mapeamento das funções segundo a flexibilidade. Exemplo: funções de atendimento ao cliente com dois dias de escritório, funções de foco intenso com um dia de equipa presencial e o restante à distância.

O que isto significa para as carreiras

Competências evoluem mais depressa do que títulos num mundo híbrido. Crie um plano de desenvolvimento simples: um projeto que desafie uma competência chave, uma colaboração entre equipas e uma formação ou certificação por trimestre. Avalie pelos resultados, não só pela atividade. Guarde um portefólio de entregas, métricas e aprendizagens. Esse ficheiro ajuda nas avaliações e mudanças de emprego.