A Honda acabou de revelar a Gold Wing 2025, e a pergunta no ar é simples: pode uma lenda reinventar-se sem perder a alma?
Um motociclista atrás de mim sussurrou “aí está”, meio para si próprio, meio para a máquina, como se faz quando um velho amigo entra numa sala a usar um fato novo que assenta melhor do que se esperava. O cheiro a borracha quente, o brilho da tinta fresca e mil pequenos cliques mecânicos formaram um tipo de prelúdio. Observei uma mão a acariciar o apoio de braços do passageiro, como se estivesse a comparar uma memória com o presente. Alguém voltou a carregar no botão de ignição, só para ouvir o motor respirar. Um pequeno momento contou toda a história. Algo mudou — discretamente, profundamente, deliberadamente. E não apenas para dar nas vistas.
Um coração lendário, reinventado para 2025
O destaque aqui é o sentir: a Gold Wing 2025 mantém o emblemático seis cilindros opostos horizontalmente, mas a entrega chega com uma nova suavidade. A Honda fala de um binário mais generoso a baixas rotações, uma transição de mudanças mais limpa na nova DCT, e uma resposta do motor que torna o serpentear em parques tão sereno quanto as entradas nas autoestradas. Sente-se o trabalho nos detalhes — a sonoridade da admissão mais abafada, a vibração atenuada, o acelerador a ler o teu pulso como um amigo. Continua a soar a Wing. Só que move-se como se tivesse estado a treinar às escondidas.
No pequeno percurso fora do recinto, a nova energia da mota transmitiu confiança com facilidade. A resposta ao acelerar era tranquila, mas disponível — como se quisesse que te deixasses levar pela viagem, e não persegui-la. Um jornalista especializado em touring disse-me que conseguia fazer inversão de marcha com dois dedos e um sopro. Isso condiz com o que os donos da Gold Wing se gabam online: odômetros a ultrapassar os 300.000 km, rotinas que se transformam em fins de semana prolongados, fins de semana que viram rotas para se contar aos netos. As máquinas não conquistam isso se não reduzirem o esforço a uma memória.
O que torna este passo evolutivo relevante não são números brutos, é a forma como a mota responde ao contexto. Calor citadino, declives de montanha, ventos cruzados — os ajustes de 2025 visam precisamente os piores momentos das viagens reais. Novos defletores e canais de ar afastam o calor dos joelhos. A lógica da DCT mantém a mudança durante as curvas, em vez de ficar a saltar enquanto inclinas. A resposta da travagem surge mais cedo no curso do manete, mantendo o grande chassis estável. Há um fio condutor: estabilidade sem adormecimento. A mota está desperta para não teres que agarrar com força ao guiador.
Conforto que transforma distâncias num hábito
Eis um gesto simples que compensa logo no primeiro dia: regula o para-brisas para a altura do teu nariz, não dos olhos. Na Gold Wing 2025, o ponto ideal do ecrã elétrico mantém o fluxo de ar apenas a roçar o topo do capacete e não a bater de frente. Junta isso à nova densidade da espuma do banco e experimenta uma hora antes de julgar — aquece e molda-se ao corpo, depois desaparece. Ajusta a pré-carga para o peso real da bagagem, não para o que planeaste, e deixa o chassis adaptar-se à estrada em vez de a combater. Pequenos detalhes que compram grandes viagens.
A maioria leva bagagem a mais e gasolina a menos. Todos já passámos por aquele momento em que se abre a mala ao pôr-do-sol e percebe-se que trouxemos três casacos mas esquecemos da água. As novas opções de conforto tentam-nos a levar tudo — áreas aquecidas para condutor e passageiro, apoios de braços extra e áudio premium — por isso protege o teu equilíbrio e as costas. Mantém os itens mais pesados em baixo, verifica a pressão dos pneus após a primeira hora e experimenta as aberturas do capacete com o novo fluxo de ar. Deixa a mota sentir-se como um lounge, não como um armazém. Deixa o teu corpo sentir-se em casa.
“O objetivo não eram mais botões”, disse-me um veterano dos testes, encostado ao passeio, “mas sim menos decisões.” É assim que o pack de luxo da Gold Wing 2025 se traduz no mundo real: claro, tátil, descomplicado.
O conforto deve ser invisível até ser necessário — depois, imediato.
Para que seja prático ao segundo dia de uma viagem longa, fica esta referência rápida:
- Aquecimento do banco no mínimo para começar; sobe para médio só após 30 minutos.
- Para-brisas um nível mais baixo na chuva para afastar a turbulência do visor.
- Inclinação do encosto do passageiro: ajusta para conseguir um ângulo de 90º relaxado nos joelhos.
- Baixa o baixo do áudio para -1 às 110 km/h para reduzir fadiga, e não volume.
A rivalidade que todos acompanham na estrada aberta
Vamos nomear os elefantes: série BMW K 1600, tourers topo-de-gama Harley, Roadmaster da Indian — grandes personalidades com grandes seguidores. A resposta da Gold Wing para 2025 não é uma ficha técnica imponente, é esta serenidade zen contínua. A nova suavidade do motor e a forma como a DCT interpreta as manobras a baixa velocidade sentem-se como uma ajuda ao condutor que esqueces de agradecer. É assim que se esmagam concorrentes no touring: não com títulos, mas com batimentos cardíacos. Chegas ao fim do dia com energia mental e física. Essa é a diferença que fica mesmo depois da última fotografia.
Voltava sempre à experiência do passageiro. Para quem viaja a dois, as opções de conforto de 2025 mudam a conversa. Os apoios de braços não rangem. O tecido não prende o calor. O ritual de subir e descer faz-se naturalmente, porque os apoios das mãos estão onde as procuras, não onde as imaginas. Parece pouco até ao quinto semáforo numa cidade desconhecida, onde cooperação vence coreografia. Nenhuma ficha técnica te diz como é a sensação daquele primeiro rodar do acelerador com quem amas ao teu lado. É essa memória que a Honda persegue — e nota-se.
Há também a aposta na honestidade: o infotainment. A nova interface é mais brilhante, arranca mais rápido e é menos confusa em andamento. Sejamos francos: ninguém quer perder tempo com isto todos os dias. O que queremos são rotas carregadas em dois toques e controlos amigos das luvas, sem se tornarem num quebra-cabeças. A duplicação wireless do telemóvel e menus mais limpos não impressionam no stand — salvam um fim de semana. A melhor tecnologia é aborrecida, e esta é agradavelmente aborrecida no bom sentido. Menos toques, mais estrada. Menos “como faço para…”, mais “vamos embora”.
O que muda para quem realmente persegue horizontes
Sai do evento a pensar nas revoluções silenciosas que ficam. Não nos fogos de artifício, mas nos ajustes. A Gold Wing 2025 parece o resultado de uma equipa que passou meses a refinar o que o corpo nota após seis horas: pontos de pressão, calor acumulado, aquela fadiga sorrateira que começa no pescoço e tira o foco à tarde. A aposta da Honda é que a alegria aumenta quando o esforço não aumenta. Se estiverem certos, a vantagem da Wing não aparece nos gráficos de potência, mas sim na rapidez com que começas a planear a próxima viagem, quando ainda mal acabaste a anterior. É esse o tipo de métrica que cria verdadeiras tribos.
| Ponto-chave | Detalhe | Vantagem para o leitor |
| Flat-six refinado + DCT de nova geração | Controlo mais suave em baixa e binário mais amplo | Menos stress no trânsito, mais confiança em curva |
| Pacote de luxo de conforto | Zonas aquecidas, bancos ergonómicos, detalhes para o passageiro | Viagens longas tornam-se curtas, passeios a dois são mais cooperativos |
| Infotainment mais limpo e rápido | Interface brilhante, controlos intuitivos, integração perfeita com o telemóvel | Mais tempo a andar, menos tempo a mexer — fins de semana sem limitações |
Perguntas frequentes:
Quando chega a Gold Wing 2025 aos concessionários? A Honda indica um lançamento faseado por regiões; a disponibilidade inicial está prevista para o início da época de condução nos principais mercados, com distribuição alargada em seguida.
Continua a existir opção de caixa manual? Sim, a gama continua a oferecer tanto a tradicional caixa de seis velocidades como DCT, com a nova DCT focada em suavidade a baixa velocidade.
O que há de novo em termos de conforto? Materiais de banco e zonas aquecidas atualizadas, ergonomia do passageiro revista com disponibilidade de apoio de braços e melhorias no fluxo de ar que reduzem pontos quentes nas pernas e tronco.
Como se compara com a BMW K 1600? A K 1600 aposta num toque mais desportivo com motor seis em linha; a Gold Wing responde com um flat-six mais sereno, DCT polida e um cockpit orientado para o conforto em longas distâncias.
O preço vai mudar muito em relação ao ano passado? Esperam-se ligeiros ajustes conforme versões e pacotes; os valores exatos variam por região e serão anunciados pelos distribuidores mais perto da data de lançamento.
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